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Existe uma solidariedade muito legal nesse mundo de viajantes. As pessoas se ajudam das mais diversas e variadas formas. É um prazer poder dar dicas do que fazer ou não fazer, ajudar outros viajantes a evitar dores de cabeça que você já teve, e da mesma forma receber isso em troca. Até o momento, já recebemos conselhos preciosos de pessoas muito mais experientes do que nós na estrada, já fomos socorridos com o nosso fogão a gasolina que não funcionava e já fomos ajudados com um pneu furado. Tenho certeza de que essa lista aumentará muito com o passar do tempo viajando.

Nosso desejo é retribuir a ajuda que temos recebido, como uma verdadeira corrente do bem, que nos impele a fazer o mesmo por outros viajantes. Não tem preço saber que muitas vezes um simples gesto ou ajuda tornou a vida de outro viajante tão mais fácil aquele dia. E é o que temos feito desde que começamos a viagem.

Existem muito mais pessoas na estrada fazendo uma viagem longa do que imaginávamos. Pessoas viajando de carro, motor home, moto, de carona, de avião, de bicicleta, a pé. Já cruzamos com viajantes de todos os tipos e com várias experiências diferentes. Ficar em camping que tenha uma área de convivência facilita o contato com os diferentes viajantes e torna mais fácil a aproximação. A nossa barraca também é um chamariz legal para começar um contato. A pessoa está ali por perto, admirando a barraca e pronto, oportunidade instalada para bater um papo.

O legal é que a língua geralmente não é um impeditivo para fazer uma nova amizade na estrada e, por conseguinte, ajudar e ser ajudado. As pessoas são mais flexíveis, desencanadas, e o que realmente importa é se fazer entender. Já tivemos oportunidade de conversar com pessoas da Austrália, Uruguai, Holanda, Guiana Francesa, Alemanha, Estados Unidos, e um rapaz que não consegui de jeito nenhum entender o lugar de onde ele veio, e olha que pedi para ele repetir 3 vezes rs. Mas está valendo, mesmo sem nos entendermos muito bem até rolaram umas risadas rs.

Mas você deve estar se perguntando onde entra o fósforo. E com toda razão. Voltemos a ele.

Nesse espírito de ajudar sempre, se alguém nos pede alguma coisa de que dispomos, emprestamos sem problemas. Pode ser um papel higiênico (pasmem rs), algum item de cozinha, ou então um fósforo. Quer coisa mais chata do que você chegar no camping com todas as coisas para fazer uma comida e descobrir que está sem fósforo?

Pois bem, esses dias ficamos num camping, ao lado de um casal francês de pouca conversa. Tentamos trocar algumas palavras, mas eles não estavam interessados em fazer amizade rs. Um pouco mais tarde naquela noite, eles resolveram cozinhar e adivinha o que estava faltando? O fósforo. Claro que eles nos pediram, e claro que nós emprestamos. Eles fizeram a comida, comeram, começaram a se arrumar para dormir e nada de devolver a caixa de fósforo. Se, por uma ironia do destino, não fosse a nossa última também e não precisássemos preparar o café da manhã no dia seguinte, que custava deixar para lá e permitir que os franceses ficassem com ela?

Mas o que incomodou foi o que aquele gesto representava. A caixa de fósforo deixou de ser apenas uma caixa de fósforo e passou a ser um lembrete de que algumas pessoas se aproveitam dessa solidariedade entre os viajantes para tirar vantagens, para serem as espertas, as que se dão bem às custas alheias. Puxa, uma caixa de fósforo? Qual a dificuldade de fazer o mesmo caminho que fizeram para pedir, só que dessa vez para devolver?

Eu sempre fui muito correta com essas questões. Quando estou com algum objeto de alguém, tento usá-lo o mais rápido possível e devolvê-lo, no mesmo estado em que encontrei.   O mesmo se aplica a dinheiro. Nunca tive o hábito de pedir dinheiro emprestado para ninguém, mas as poucas vezes que fiz, procurei ser muito correta e rápida na devolução. Eu realmente não entendo porque algumas pessoas se comportam de forma diferente. O irônico aqui é pensar que geralmente essa fama de tentar tirar vantagem é do brasileiro, e no nosso caso foi o inverso.

Aquela noite eu passei por um grande conflito interior: deixar ou não para lá. Quem me conhece sabe que não gosto de deixar para amanhã aquilo que se pode resolver hoje. Eu ia dormir pensando na caixa de fósforo? Ahhhh de jeito nenhum! Criei coragem e falei para o Cris ir lá pedir de volta (marido é para essas coisas também rsrsrs)! E não é que meus vizinhos de barraca ficaram surpresos?  

Natany Gomes

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