Sempre que possível procuramos passar a noite em camping selvagem, geralmente às margens de algum rio, para fazer um saving na viagem. Além de economizar, podemos desfrutar de uma vista digna de um hotel 5 estrelas, bem de pertinho da janela do nosso "quarto".
Mas nem tudo são flores, e quando optamos por dormir sem pagar temos que lidar com outra questão muito importante: como faremos para tomar banho.
Diferente de muitos viajantes que temos cruzado pelo caminho que não se importam muito com isso, depois de 2 meses de estrada nós ainda fazemos questão de tomar banho todos os dias.
Conhecemos uma família da Suíça num dos nossos campings selvagens que já estava a 5 dias naquele lugar onde paramos, e com certeza sem banho, pois no local não tinha como tomar e eles não tinham caixa d'água. Meu cabelo com certeza já teria caído depois de 5 dias sem lavar rs!
Nós já fizemos de tudo nos nossos campings selvagens para garantir um banho: já compramos banho em posto de gasolina; já compramos banho em campings; já montamos nossa barraca de banheiro e tomamos banho com água da caixa; já ficamos sem banho quando estava muito frio; já tomamos banho no camping no dia em que chegamos e na manhã seguinte antes de sair para já garantir o banho do dia; e já tomamos banho no rio.
Essa última opção poderia ser muito legal se estivéssemos no nordeste brasileiro ou em qualquer lugar de muito calor. Por enquanto estamos passando por regiões muito frias e a água dos rios e lagos nem pode ser chamada de gelada, está mais para congelante.
Nossa primeira experiência tomando banho no rio foi na Carretera Austral. Quando chegamos à beira do rio o tempo abriu e começou a fazer um sol gostoso, que até deu calor. Logo em seguida chegaram uns botes de rafting e os instrutores tomaram banho no rio antes de se trocar, com uma naturalidade tão grande. Nos empolgamos para tomar banho também, já que não teríamos nenhuma outra possibilidade de banho nas redondezas.
Esperamos todos irem embora e lá fomos nós para o rio. O Cris tomou banho xingando a água gelada (e eu achei que era exagero rs). Só de entrar com água até a canela estava dando dormência na perna, de tão fria. Mas eu já estava lá e o Cris já tinha tomado, não poderia deixar por menos e resolvi encarar. Claro que não ia ser um super banho, mas precisava lavar o cabelo também.
Cai na besteira de pedir a ajuda do Cris, pois não tinha como fazer isso sozinha sem submergir na água. Lá veio ele com um balde para me socorrer (ou me matar rs). O simples ato de molhar o cabelo mais parecia tortura chinesa, sem brincadeira. Minha cabeça começou a doer, nunca pensei que isso acontecesse. E o Cris não parava de jogar água (deixa ele que terá volta rs.). Estava tão gelada e minha cabeça doendo tanto que ele jogava a água e eu ia saindo do lugar e ele "correndo" atrás. Não adiantava fugir, eu tinha começado e teria que terminar, não dava para ficar com o cabelo ensaboado.
E o Dani só se divertindo na margem do rio com o meu desespero rs. Mas a hora dele também chegou (tadinho), não nesse dia, pois achamos que estava frio demais para ele. Num outro dia paramos para dormir às margens de um lago na região de Villa La Angostura, na Argentina. A água era tão transparente e o sol estava tão forte, não parecia que estava fria. Ele passou horas brincando com a pistola de água e se molhando um pouquinho e estava louco para entrar de verdade na água. Pensei: por que não? Já aproveito e dou um banho nele.
Parecia que eu estava matando o menino. Começou uma gritaria de "está frio", "está frio", que progrediu para gritos de socorro e tive que terminar o banho às pressas com medo de aparecer a polícia e eu ter que explicar o que estava acontecendo rs. Ao fim do banho, ele disse que nunca mais queria tomar banho no rio. Que dó!!!
Não vou dizer que nesse dia foi o melhor banho do mundo, mas já foi bem mais fácil que o primeiro. Será que estou pegando o jeito? Mesmo assim, continuo achando que banho de rio gelado é coisa para macho, dessa vez o Cris até mergulhou (é muita ostentação, não deu para competir rs)!
Natany Gomes
