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Três anos atrás tivemos a oportunidade de visitar Punta Arenas, antes de irmos ao parque Torres del Paine para o trekking do Circuito W. Na ocasião passamos 3 dias na cidade conhecendo seus principais pontos turísiticos e visitando a zona franca. Um dos passeios que queríamos fazer era de barco, para avistar pinguins. Pagamos o passeio e no horário marcado tínhamos que ir até o porto para pegar o barco. Do hostel onde estávamos, era uma distância de 3,5 quilômetros. Super tranquilo, né? Resolvemos ir a pé e apreciar a orla da cidade, que dá para o mar do Estreito de Magalhães.

Saímos com mais de uma hora de antecedência para ir passeando. No entanto, o que se passou foi uma corrida desesperada para chegar a tempo de não perder o passeio, pois o vento era tão forte que não conseguíamos avançar muito, a resistência era enorme. Com certeza aquele vento carrega uma criança.

Chegamos no porto exaustos e esbaforidos, tendo feito apenas 3,5 quilômetros em mais de uma hora de caminhada. No fim, quando chegamos lá o passeio tinha sido cancelado em razão dos fortes ventos. Melhor mesmo, nem fiquei chateada. Já pensou aquele vento virando o nosso barco?

Tanto tempo se passou e confesso que tinha me esquecido da força do vento nessa cidade. Saímos de Ushuaia e fomos direto a Punta Arenas com a intenção de acampar por lá e depois seguir viagem para Torres del Paine.

Chegamos no final do dia e descobrimos que o camping que havíamos visto com o nome de Punta Arenas não ficava em Punta Arenas. Como assim? Partimos, então, para o plano B e fomos procurar um posto de gasolina para dormir.

Paramos em um que tinha alguns caminhoneiros estacionados, e desci para perguntar para o frentista se havia alguma problema passarmos a noite por ali. Ele me olhou assustado, sem entender onde dormiríamos, e logo lhe expliquei sobre a nossa barraca, que ficava no teto do carro, toda orgulhosa! Ele achou a minha empolgação muito esquisita e eu também não senti que ele queria muita conversa, então encerramos o assunto por ali. Paramos o carro, eu peguei a necessaire e fui procurar um banheiro com o Dani. Nesse momento começou a garoar, então levei o guarda-chuva com a gente como uma garantia.

À caminho do banheiro, esse mesmo frentista viu meu guarda-chuva e disse que logo logo viria um vento que não me permitiria usa-lo. Me questionei se tinha entendido bem o espanhol rápido dele e segui para o banhero.

Pois não é que quando saímos do banheiro, um novo cenário tinha se instalado? Estava rolando uma tempestade forte, com muito vento, algo assustador. Eu e o Dani corremos para o carro (com o guarda-chuva aberto) para ver como estava o Cris. Nesse momento compreendi o frentista: o guarda-chuva virou, entortou e estragou completamente. O vento o arrancou da minha mão. Mas o pior ainda estava por vir: o Cris tinha aberto a barraca enquanto ainda não estava chovendo, e quando começou a tempestade, o vento forte a estava assolando. Entramos todos na barraca, que a essa altura estava toda molhada por dentro por causa da chuva com vento, e ficamos segurando sua estrutura por dentro para o vento não destrui-la completamente. Depois de uns 15 minutos, percebemos que isso não ia dar certo, e que se ficássemos mais algum tempo com a barraca aberta, ela poderia ser seriamente danificada.

Reunimos coragem, colocamos o Dani dentro do carro e saímos na chuva para tentar fecha-la. O chuva estava muito gelada e o vento estava congelando os ossos. Uma tarefa relativamente simples em condições normais, demorou uma eternidade e nos deixou encharcados. Mas não tínhamos escolha: tínhamos que fechar a barraca e procurar outro lugar para dormir. 

Tarefa concluída, tivemos que ligar o aquecedor do carro no máximo por uns 15 minutos, pois o Cris não parava de tremer de tanto frio. Nessa noite não tivemos alternativa e fomos dormir em um Hostel, o mesmo que ficamos 3 anos atrás. Assim que entramos no hostel e acertamos a nossa estadia, a chuva parou e o vento diminuiu bastante.

Cuidado de Deus? Eu acredito, de verdade. Numa viagem econômica como a nossa, fazemos de tudo para não gastar dinheiro e se é possível passar a noite em algum lugar sem pagar por isso, melhor ainda para o budget. Muitas vezes Deus precisa utilizar situações adversas para nos poupar de perigos maiores. Pagamos caro, mas tivemos uma noite quentinha, seguros e aproveitamos cada minuto do conforto do lugar. 

Natany Gomes

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