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América do Sul

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Quando montamos nosso roteiro pelo Chile ainda não tínhamos ouvido falar da Carretera Austral e não iríamos nem passar perto dela. Para a nossa sorte, um casal de amigos fez esse caminho poucos meses antes e compartilhou as informações e as fotos pelo facebook, o que fez com que mudássemos imediatamente o nosso roteiro para inclui-la, e a experiência não poderia ter sido mais incrível.

Começamos a Carretera Austral pela cidade de Chile Chico, que é relativamente grande e tem uma boa estrutura. Passamos a noite anterior na cidade de Perito Moreno, porque pensamos que não conseguiríamos encontrar lugar para ficar em Chile Chico, mas estávamos enganados. Poderíamos ter dormido lá e começado a Carretera Austral mais cedo.

DIA 1

Nosso primeiro trecho foi da cidade de Chile Chico até um pouquinho antes da cidade de Puerto Guadal, cerca de 115 km. A estrada é bem estreita, sinuosa e de rípio (em boas condições nesse trecho). Em alguns momentos só tinha espaço para passar um carro e abaixo um enorme penhasco. Ficávamos apreensivos torcendo para não vir nenhum carro no sentido contrário.

Levamos muitas horas para fazer esses 115 km, porque o caminho vai margeando o lago General Carrera, que é muito bonito. A cada curva se descortinava uma nova paisagem de tirar o fôlego e lá estávamos nós parando de novo. Depois de um tempo combinamos que não íamos mais ficar parando, mas não durava 10 minutos e começávamos a parar de novo rs.

O tempo estava nublado durante o dia e não vimos o lago no seu potencial, que é um azul turquesa bem forte. Somente quando paramos para acampar ao fim do dia, perto das 19hs, que o sol resolveu sair e tivemos mais duas horas para admirar o lago com uma cor mais forte. Nessa noite acampamos num lugar a beira da estrada com vista para o lago e tendo como companhia um casal de motoqueiros da República Tcheca.

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DIA 2

Nesse dia fomos de Puerto Guadal até Cerro Castilho (cerca de 125 km)  passando pela cidade de Puerto Tranquilo, que fica a uns 60 km de Puerto Guadal. Nossa ideia era parar em Puerto Tranquilo para fazer um passeio que sai de lá, conhecido como "capillas de marmol", em português,  capelas de mármore. É um passeio de apenas uma hora e meia de barco para visitar uma formação rochosa muito interessante dentro do lago. Com sol é um passeio muito legal, mas chegamos lá e o tempo estava muito ruim, estava até garoando esporadicamente. Achamos que não valia a pena fazer com o tempo desse jeito e seguimos viagem. Dali para a frente pegamos muita chuva e serração, e a estrada ficou bem perigosa e escorregadia. Dirigimos com muita atenção até chegar em Cerro Castilho, já no final do dia. Paramos na cidade para comprar pão e quando estávamos saindo em direção ao camping onde íamos passar a noite o nosso pneu furou (outro rs). Para a nossa sorte parou de chover e o Cris conseguiu trocar com mais facilidade. Era sexta-feira no final do dia e o único borracheiro da cidade não estava, só voltaria no outro dia. O jeito foi ir ao camping com o pneu step e esperar até o domingo para poder arrumar o pneu furado.

Ficamos no camping El Arbolito, que até o momento foi o mais barato de todos, 3.000 pesos por pessoa (cerca de R$ 15,00 reais) e o Dani não pagou. O banho era bem quente, o banheiro bem limpinho e tinha bom wifi. O dono do camping até nos deu lenha para fazer uma fogueira e nos aquecermos (acho que foi a noite mais fria que pegamos até agora).

O camping fica numa propriedade muito bonita, por onde passa um rio, mas sem muita estrutura ainda. O camping é novo, tem menos de um ano. Tem uma cabana protegida do vento com balcão onde é possível cozinhar, mas não tinha pia para lavar a louça depois do almoço. Tirando isso, que não chegou a ser um problema, gostamos muito do camping e ficamos nele o sábado inteiro descansando. Da nossa barraca tínhamos vista para o cerro e como no sábado fez bastante sol, o tempo abriu e foi possível ficar admirando aquela linda vista enrolada no cobertor rs.

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DIA 3

Permanecemos em Cerro Castilho descansando.

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DIA 4

Depois que consertamos o pneu, partimos em direção a Coyhaique, cerca de 85 km de distância de Cerro Castilho. O caminho foi todo de asfalto, uma belezinha. Nesse trecho a paisagem se tranformou para lindos povoados rurais, grandes montanhas e vegetação abundante. Em um determinado momento até comentamos que parecia que estávamos indo de Cusco a Machu Picchu, tamanha a semelhança da paisagem. Um pouco antes de chegarmos em Coyaique paramos às margens do rio Simpson para acampar aquela noite. Ali ficamos sozinhos e confesso que bateu uma pontinha de medo. Me sinto muito mais tranquila quando tem outras pessoas acampando com a gente, mesmo que não troquemos uma palavra sequer. Acordei várias vezes a noite torcendo para chegar logo de manhã. Mas no fim foi uma noite tranquila, não tivemos nenhum problema.

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DIA 5

Coyhaique é uma cidade bem grande comparada com as demais cidades da Carretera Austral e aproveitamos para trocar os nossos pneus, que não estavam mais em condições para seguir viagem.

Depois disso, tivemos a infeliz ideia de passar no mercado para comprar mais suprimentos para continuar a viagem, já que não tínhamos comprado nada pelo caminho e já estávamos sem itens básicos como arroz, frutas, pão e leite.O problema é que o mercado da cidade é na verdade o único supermercado da redondeza, onde todo mundo vem fazer compras e que tem o melhor preço. Nunca vi um mercado tão cheio, ficamos mais de 2 horas na fila para conseguir passar as compras. Muito exaustivo. Já seguimos para a Carretera Austral bem tarde, perto das 14 horas.

Nesse dia fomos até Puyuhuapu. Num determinado momento, em Vila Amengual, o asfalto acabou e começou uma estrada de rípio em péssimo estado, muitos buracos, muitos trechos em reforma, estrada bem estreita e curvas muitos fechadas. A viagem foi bem demorada, mas não porque parávamos, mas porque era impossível dirigir a mais de 40 km/h.

Chegamos em Puyuhuapu já no escuro e o camping que tínhamos indicação foi bem ruim, se chamava La Serena. Era muito pequeno, sem iluminação na área externa, o wifi não pegava, não tinha pontos de luz e o pior, o banheiro era muito sujo. Só salvou porque conseguimos tomar banho e era bem quente. Nossa passagem foi a mais rápida possível, só dormimos. Assim  que acordamos, tomamos café da manhã e já partimos, sem enrolação.

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DIA 6

O dia amanheceu com chuva e totalmente nublado, não dava para ver muita coisa pelo caminho. Que diferença do dia anterior! Saímos do camping sem grandes perspectivas para esse dia. Decidimos ir até Futaleufu, onde fica a fronteira para a Argentina, e seguir em direção a Bariloche, já que o tempo não prometia muita coisa mesmo. De qualquer forma, esse seria o nosso último dia na Carretera Austral.

Faltando uns 40 quilômetros para chegar na cidade, paramos num lugar às margens do rio Futaleufu para preparar o almoço. Para a nossa surpresa, o lugar era espetacular, de uma beleza indescritível. Neste exato momento, o sol começou a aparecer e foi ficando cada vez mais forte. Resultado: preparamos o almoço, lavamos a louça, lavamos algumas roupas, estendemos o varal para secá-las, filtramos água do rio, tomamos banho no rio e resolvemos ficar para dormir e só seguir viagem no dia seguinte. Mais para o final do dia uma outra família chegou para passar a noite também, e tivemos o privilégio de dormir às margens do rio Futaleufu ouvindo o som do rio, e tranquilos porque tínhamos companhia.

O rio era bem agitado e fiz milhões de recomendações para que o Dani nem se aproximasse da margem. Ele ficou tão impressionado, que só chegava perto do rio quando estávamos com ele. O engraçado foi ele mandando uma mensagem para o amiguinho da igreja contando sobre o rio e dizendo que não podia nem chegar perto dele, porque "era morte na certa", nas palavras dele rs. Acho que coloquei bastante medo no menino rs.

Só para se ter uma idéia de como o rio era agitado, em um determinado momento da tarde chegaram botes de rafting que terminavam o percurso ali. No ponto em que estávamos o rio fazia um redemoinho, que inclusive era o que os botes usavam para conseguir ser jogados para fora do rio.

Lindo de se ver, mas só dava para ficar na margem mesmo. O rio era de um verde esmeralda incrível. Com o sol, sua cor ficava mais linda. Quando terminamos todas as nossas atividades, tiramos as cadeiras do carro e ficamos curtindo aquela paisagem sem pressa, sem hora de ir embora, até que começou a esfriar e fomos para a barraca. Foi o camping selvagem mais incrível que fizemos.

E assim foi a nossa experiência pela Carretera Austral, essa  estrada que, até o momento, é a mais bonita do mundo para nós! No dia seguinte cedinho já seguimos para Bariloche.

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INFORMAÇÕES ÚTEIS

  • Entre Chile Chico e Futaleufu percorremos cerca de 800 km, a maior parte em estrada de rípio em boas condições.
  • Entre Cerro Castilho e uns 90 km depois de Coyhaique a estrada é de asfalto.
  • Nossas paradas foram as seguintes: Chile Chico - Puerto Guadal - Puerto Tranquilo - Cerro Castilho - Coyhaique - Puyuhuapu - Futaleufu
  • Entre essas cidades que paramos existem diversas outras cidades menores que podem servir de parada.
  • Basicamente todas as cidades por onde passamos tem algum tipo de hospedagem (camping, hostel, cabanas e até hotéis).
  • Somente não vimos posto de gasolina em Puerto Guadal, mas não entramos na cidade para procurar. Vimos posto em todas as demais cidades.
  • Todas as cidades por onde passamos tinham mercadinhos, então é fácil repor itens essenciais pelo caminho.
  • Das cidades que passamos as maiores são Chile Chico e Coyhaique. Coyhaique era realmente bem grande, inclusive trocamos os nossos pneus lá.
  • O pior trecho de rípio foi entre Coyhaique e Puyuhuapu, muito ruim mesmo. Mas me pareceu que a estrada está sendo preparada para ser asfaltada, tem homens trabalhando o caminho todo.
  • Pensávamos que íamos pegar a estrada numa condição tão ruim que seria quase um rally, mas não foi assim. Se os nossos pneus não estivessem tão velhos, acredito que não teríamos tido problemas.
  • A estrada é estreita e sinuosa, por isso não dá realmente para dirigir muito rápido. A velocidade sugerida é 40 km/h e em alguns trechos só dá para andar a essa velocidade mesmo.
  • Existem muitos pontos onde é possível fazer camping selvagem. Vale a pena ficar de olho no aplicativo iOverlander.
  • Em Puerto Tranquilo saem passeios para conhecer as capillas de marmol (passeio de 1h30 min) e custam 10.000 pesos chilenos por pessoa (R$ 50,00 reais).
  • Em Cerro Castilho ficamos num camping chamado El Arbolito, simples, mas com o essencial: banho quente, banheiro limpo e wifi. Pagamos 3.000 pesos por pessoa (R$ 15,00).
  • Em Puyuhuapu ficamos num camping chamado La Serena que custou 4.000 pesos por adulto (R$ 20,00 reais)  e 2.000 pesos para o Dani (R$ 10,00). Não gostamos, valeu apenas pelo banho quente.
  • Sempre encontrávamos alguma parada próxima a uma margem de rio para fazer o nosso almoço e sempre o lugar era só nosso. 
  • Achamos que a estrada seria deserta, mas nos surpreendemos com a quantidade de pessoas viajando por ela. Sempre cruzávamos com algum carro.

Natany Gomes

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