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Viver o sonho de uma volta ao mundo exige muitas renúncias. Parece uma decisão fácil, afinal de contas você estará vivendo uma experiência fantástica e conhecendo lugares que muito provavelmente não teria oportunidade de conhecer se seguisse com o mesmo estilo de vida tradicional. Só que na prática não é tão fácil assim.

As dificuldades são inúmeras e dos mais variados tipos, como deixar o emprego, dar um tempo na carreira, abandonar o conforto do lar, viver distante das pessoas que mais ama, viver com pouco dinheiro, adiar ou desistir do plano de ter outro filho, etc. A lista pode ser imensa e cada razão é perfeitamente defensável para se desistir de uma viagem de volta ao mundo. Quando lemos os relatos de outros viajantes como nós, vemos que cada um teve a sua dificuldade a vencer, a sua parcela de sacrifício a fazer antes de tomar a decisão. E com a gente não foi diferente.

Estamos há poucos dias na estrada e ainda estamos sentindo muita falta da nossa família e dos nossos amigos. Falar em lado bom da despedida, quando acabamos de deixar tudo e todos, pode parecer incoerente, mas não é.

Apesar da dor da despedida, tivemos o privilégio de experimentar o que muitos passarão a vida toda e não terão: a chance de ouvir em vida o quanto somos especiais e significativos na vida das pessoas que nos cercam.

Infelizmente o ser humano tem essa característica, convivemos diariamente com pessoas que admiramos, que amamos, que possuem virtudes e atributos que valorizamos, mas não verbalizamos nossa admiração, carinho e amor. Muitas vezes isso só acontece depois que a pessoa morre, e aí já é tarde.

Nos últimos 3 meses temos reencontrado amigos que não víamos há algum tempo; temos recebido muitas mensagens de pessoas que nem imaginávamos que gostavam tanto assim da gente; tivemos a oportunidade de ouvir e sentir o quanto éramos importantes nos nossos empregos;  recebemos declarações de amor e admiração de familiares e amigos que não tem esse costume de falar muito sobre o que sentem rs; recebemos a ajuda de amigos, que embora tristes com a nossa partida, não mediram esforços para nos ajudar a tirar esse projeto do papel; sentimos a alegria das pessoas que estavam felizes por nós; recebemos o carinho da nossa igreja; e por aí vai.

Foram muitas manifestações de amor que não teriam ocorrido se a vida tivesse seguido o seu curso normal. Se a viagem não tivesse dado certo, só por isso já teria valido totalmente a pena ter tentado.

O lado bom da despedida II

Natany Gomes

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