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Recentemente nos demos conta de que estamos viajando a cerca de um ano e meio, quase sempre dormindo na nossa barraca, mas ainda não tínhamos falado dela. Uma injustiça que será corrigida agora rs.

Antes de tomar a decisão da viagem, eu nunca tinha ouvido falar em barraca de camping instalada no teto do carro. Para mim, acampar era sinônimo de dormir numa barraca convencional, no chão duro, sujeito a umidade (ou água), bichos, saliências do solo, claridade ao nascer do sol e mais alguns outros desconfortos.

Fiquei muito empolgada quando descobri sobre a barraca de teto. Inclusive na época da pesquisa um casal de viajantes fez um vídeo sobre a barraca, como abrir e fechar e como é por dentro. Para acampar desse jeito, eu estava dentro rs.

Brincadeiras à parte, essa era uma grande preocupação para mim. Sabíamos que ficar em hotel seria algo muito raro e a ideia de dormir no chão por dois anos não me animava muito. No começo, na euforia da viagem, geralmente se topa tudo, mas com o tempo isso começaria a ser um problema.

Com a barraca de teto, no entanto, a conversa era outra e começamos a pesquisar as opções existentes no Brasil. Quando saímos, três empresas vendiam esse tipo de barraca: a Blue Camping, a Sumatra e a Camping’s World.

As três empresas cobram bem caro por uma barraca dessas, a versão mais barata não saia por menos de R$ 4.500,00 reais. No final optamos por comprar a nossa com a Camping’s World, por ser a única que realmente fabrica o produto no país (foi possível personalizar algumas coisas), pela empresa estar em São Paulo e por ser a única que vimos outros viajantes usando assim por tanto tempo em viagens de volta ao mundo. Não nos arrependemos.

O primeiro ponto positivo da barraca é a cor. Isso mesmo, a cor rs. Eu sempre gostei de dormir no escuro absoluto e a barraca da Camping’s World pode ser comprada em diversas cores, uma delas marrom, que é a nossa.

Fomos à feira Adventure Sports Fair e eles estavam justamente com a barraca marrom exposta em seu stand. Eu entrei, fechei as laterais e não fui capaz de ver nada ao meu redor. Perfeita!!!

Pode estar a claridade que for do lado de fora, se fechamos toda a barraca é possível dormir como se fosse noite. Isso nos salvou nos lugares que pegamos dias muito longos, com mais de 18 horas de sol.

Logo que começamos a pesquisar, vimos alguns viajantes com a barraca amarela. Ela era linda e dava um charme muito especial no carro, mas tivemos a oportunidade de perguntar para um dos casais como era quando o sol nascia e eles nos disseram que a barraca ficava muito clara de dia. Não era para mim, eu gosto de dormir no escurinho rs.

Outro ponto importante é que a barraca vem com colchão e mesmo não sendo o colchão mais grosso do mundo, é muito confortável dormir no fofinho e numa superfície lisa (algo que só teríamos na barraca de chão se levássemos mais itens de camping com a gente).

Somado a tudo isso, o processo de abertura e fechamento é muito simples e rápido. Basta puxar a escada para armar a barraca ou fechar a escada para desarmar. Tudo isso conta muito numa viagem longa. Uma coisa é você armar a barraca e ficar uma semana parado num lugar e depois voltar para casa (aí até dá para aguentar o trabalho de montar a barraca de chão tradicional), outra coisa é você ter que montar e desmontar todo dia, por mais de 700 dias. Não tem paciência que resista!

Sabemos que o investimento foi caro, mas ele vale muito a pena para quem opta por esse tipo de viagem. Não tem nada que pague seu sossego quando começa a chover e você está sequinho e quentinho na sua barraca, no alto do carro, longe da lama.

Gostamos bastante de armar as laterais da barraca e formar uma casinha, que fica logo embaixo da barraca. Colocamos nossa mesa, itens de cozinha e cadeiras e quando está chovendo o Cris prepara a comida e nós comemos ali, protegidos da chuva. Além disso, essa área nos protege também de olhares curiosos e nos permite trocar de roupa sem precisar ir até o banheiro do camping.

Quando fazemos camping livre, usamos essa casinha também para tomar banho sem chamar nenhuma atenção. Simplesmente não dá para ver o que se passa lá dentro. Se o chão não absorver, o máximo que quem está de fora verá, será a água escorrendo.

No começo da viagem tínhamos uma barraquinha só para tomar banho, mas além dela não ser nada prática para montar, todo mundo que estava de fora sabia o que estávamos fazendo. Nada confortável.

Quando está calor, ao invés de armar a casinha, a parte da frente se transforma em um grande toldo para nos abrigar do sol. Aproveitamos o vento que corre sem ficarmos expostos ao sol. É uma delícia! Em Marrakech, no Marrocos, aproveitamos bastante o toldo, pois pegamos dias de muito sol e calor.

Depois de todo esse tempo de uso, vemos que a barraca é muito bem pensada e cheia de detalhes para torna-la mais confortável. Por exemplo, dentro dela tem bolsos nos quatro cantos para guardar pequenos itens, tem uma corda de um lado para o outro para pendurar alguma roupa na hora de dormir, do lado de fora tem um saco pendurado para guardar sapatos. Aliás, eu amo esse saco! Odeio subir a escada descalça, dói meus pés. Eu subo de chinelo, sento na beirada da barraca, puxo o saco e guardo meu chinelo. Na hora de sair, é só puxar o saco de novo, colocar o chinelo e descer a escada. Tudo de bom!

Outra coisa importante que esqueci de comentar é que a barraca toda possui tela, então se estiver muito calor dá para dormir com ela aberta, apenas com o mosquiteiro. Isso fez uma diferença enorme quando pegamos muito calor no Peru e na Colômbia, onde era impossível dormir sem o mosquiteiro por conta dos pernilongos.

Antes de sair, quando comentamos com os amigos e conhecidos que iríamos dormir numa barraca pelos próximos 2 anos, muitos não acreditaram que conseguiríamos, mas numa barraca assim é muito fácil, mais fácil do que imaginávamos. Nos sentimos muito confortáveis na barraca e muitas vezes dormimos melhor do que quando estamos em algum Airbnb. Aliás, a depender do lugar, prefiro dormir na minha barraca.

O espaço da barraca é grande como cama (do tamanho de uma cama queen size), mas pequeno como área de convivência. No entanto, vemos isso como algo positivo: não temos como fugir uns dos outros dentro da barraca rs. À noite quando subimos para barraca, passamos um tempo juntos, ouvindo o Dani, brincando, jogando Uno, estudando, ou até mesmo assistindo alguma coisa no celular que baixamos do Netflix. Estamos juntos, e é tão gostoso!

A essa altura, você deve estar se perguntando o que quer dizer o título desse causo da estrada. Por que hotel La Carpa?

Assim como o carro, a barraca também recebeu um apelido carinhoso rs. Quando ainda estávamos viajando pelo Chile, tivemos um problema com vento e chuva na Patagônia e fomos parar num hotel. Desde aquele dia, o Dani começou a pedir com muita frequência para ficarmos hospedados em hotel. Um dia, para tirar sarro dele, dissemos que naquela noite iríamos ficar no hotel La Carpa. Ele ficou todo empolgado, até chegarmos no camping e abrirmos a barraca. Ele nunca mais esqueceu que “carpa” em espanhol é “barraca” rs. O hotel La Carpa na verdade era a nossa barraca rs. Rimos muito (ele nem tanto) e desde então nossa casinha virou o hotel La Carpa. Amamos o nosso hotel!

Natany Gomes

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