Andrades pelo Mundo

Veja como é viajar pelo mundo em um carro com a família Andrade

Participe desse projeto

Veja como patrocinar e participar dessa aventura

Causos da Estrada

Busca no Site

Comida é uma das questões mais complicadas da viagem. Nem sempre podemos almoçar fora, porque aumenta muito os gastos da viagem, e muitas vezes não temos como preparar a nossa própria comida, porque estamos passeando numa cidade ou porque estamos na estrada dirigindo o dia todo.

No começo da viagem tivemos muita dificuldade de adaptação nesse quesito alimentação, pois em casa estávamos acostumados a comer comida todos os dias e a ter horário certo para comer e na estrada não conseguimos nem uma coisa nem outra.

Lembro que quando entramos no Uruguai, nosso primeiro país da viagem, chegamos a ficar quatro dias seguidos vivendo a base de pão, porque o nosso fogão não estava querendo funcionar.

O Cris adora comer lanche, e por ele poderíamos comer pão com alguma coisa todos os dias e ele passaria bem. Eu não aguentava mais e meu humor estava bem abalado por isso. Queria comer arroz e feijão. Aliás, levei meses para entender que feijão não é um alimento fácil de ser preparado num fogão de camping. Muitas vezes gastávamos mais de duas horas no preparo do almoço, só porque eu fazia questão de comer feijão. Tive que desapegar e aceitar alimentos mais rápidos de preparar.

Nos primeiros meses na América do Sul, raramente parávamos para descansar, então a viagem era dividida em dias de estrada e dias passeando nas cidades. Nunca passávamos um dia à toa. Nos dias de estrada, tínhamos a vantagem de passar por muitos lugares desertos, onde era possível parar e preparar a nossa comida. Perdemos as contas de quantas vezes paramos na beira de algum rio bem bonito e preparamos nossa comida ali, apreciando aquela paisagem só nossa. Essa experiência de cozinhar e almoçar em meio à natureza fazia parte da diversão.

Deixávamos para fazer lanche apenas quando estávamos em alguma cidade mais movimentada, onde não era possível abrir o fundo do carro e preparar o almoço sem estar na mira de algum olhar curioso.

Já estávamos num ritmo que funcionava bem quando começamos a viagem na Europa. Na Bélgica, que foi o nosso primeiro país europeu, percebemos que seria necessário repensar a logística de preparação do almoço novamente. Simplesmente não existem lugares desertos. Muitas vezes você passa de uma cidade para a outra e nem parece que saiu da civilização, pois o fluxo de pessoas e carros continua intenso.

O jeito seria comer qualquer besteira nos dias de estrada e nos dias que estaríamos passeando nas cidades, e deixar para comer melhor quando chegássemos no camping à noite.

E a lista de besteiras era imensa: desde hambúrgueres do Mc Donalds, Burger King e KFC até salgadinhos de batatas e afins. Não preciso nem dizer o que aconteceu. Em pouco tempo todo mundo começou a engordar mais, até o Dani, e o meu fígado começou a dar sinais de que não estava contente com isso. Dá até para viver desse jeito quando a viagem é curta, num período normal de férias, mas depois de quase um ano de Europa não tem saúde que aguente.

Começamos, então, a mudar a qualidade dos lanches, nada de fast food e salgadinhos. Começamos a comprar pão integral no mercado e a recheá-lo com salada verde e tomate, e a tomar água ao invés de qualquer outra bebida. Não é gostoso, mas é menos prejudicial à saúde. Agora sempre temos nozes e castanhas no carro, para evitar comer bolachas recheadas e wafers, e separamos pelo menos dois dias na semana para pararmos num camping e preparar comida de verdade, com bastante legumes, verduras e saladas. Outra coisa que temos tentado fazer também é passear menos horas por dia na cidade, mesmo que tenhamos que ficar mais dias no mesmo lugar, assim voltamos para o camping com tempo de fazer comida. Nem sempre é possível, mas quando a cidade não é muito longe do camping conseguimos fazer.

Depois de um ano e três meses de estrada posso dizer que a questão alimentar continua sendo o ponto mais difícil da viagem e aquele a que devemos estar sempre atentos e procurando melhorar. Ninguém mais ficou de mal humor porque teve que comer pão quatro dias seguidos (ufa!), mas também não podemos dizer que é o mundo perfeito. Quem sabe até o final da viagem a gente se ajeita.

Natany Gomes

Submit to FacebookSubmit to Twitter