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Por todos os lugares por onde passamos, em especial nos campings, sempre encontramos gatos. Quando estamos num país muçulmano, então, é impossível andar mais de 100 metros pelas ruas sem ver pelo menos um bichano.

O Dani é louco por gato, o que me lembra muito como eu era na idade dele também. Sempre que aparecia algum filhotinho abandonado na rua em que eu morava, eu levava escondido para casa. Claro que minha vó sempre descobria e se desfazia do bichinho (dizendo que o dono tinha vindo buscar). Com o tempo fui ficando mais esperta e jogando os gatinhos no quintal da vizinha da frente, porque lá nenhum dono vinha buscar. Essa vizinha chegou a ter mais de 20 gatos e nunca soube como eles iam parar em sua casa (acho que preciso contar para ela qualquer dia rs).

A alegria do Dani nos passeios que fazemos é procurar e encontrar gatos. Até hoje o Dani fala que o país que ele mais gostou foi a Turquia, porque tinha muito gato e eles geralmente eram mansos, já acostumados a receber carinho e comida das pessoas.

Eu também gosto muito quando interagimos com animais. Ficamos num camping em Marrakech que era cheio de galinhas, patos, pavões, gatos e passarinhos, foi uma delícia. Acabamos com o nosso estoque de pães alimentando os bichinhos, mas valeu muito a pena. O pavão era tão manso que comia na mão. Pegamos pintinho na mão. De toda a viagem, foi o camping que eu mais gostei de ficar, com certeza em parte por causa dos bichos.

Apesar do Dani gostar muito dos gatos, ele geralmente não cria caso na hora de ir embora. Ele fica triste, faz carinho no gato e segue viagem. Muitas vezes ele fica algum tempo no carro falando sobre o animalzinho e como seria legal se a gente pudesse ter um quando voltássemos para o Brasil, mas logo depois esquece. E eu nunca tinha me apegado a nenhum dos gatos que cruzamos pelo caminho ... até agora.

Chegamos em um camping na região de Algarve, em Portugal, e logo depois que nos instalamos apareceu um gatinho passeando pela nossa vaga. O Dani já ficou todo empolgado e eu corri para a despensa para procurar o que poderíamos dar para ele comer. Começamos oferecendo pão, mas ele não aceitou. Oferecemos bolacha, e nada. Tentamos até castanha de caju, mas o gatinho não parecia interessado em comer. Então, desistimos de tentar alimenta-lo e começamos a fazer carinho. O gato era lindo, pelo cinza e olho azul, e estava muito bem cuidado, portanto com certeza tinha um dono.

No primeiro dia, o gato apenas aceitava carinho, mas não deixava que o pegássemos no colo. Não tinha problema, a gente fazia carinho do jeito que ele queria. Ele gostou tanto da gente que passou a viver na nossa vaga no camping, não ia mais embora. Na primeira noite, quando fomos para a barraca, logo em seguida ouvimos um barulho na mesa que estava montada do lado de fora. Até pensamos que tinha caído alguma coisa. Daqui a pouco começamos a ouvir o gato miando bem de pertinho. Quando abrimos a janela lateral da barraca, o gatinho estava lá, coladinho na tela. Ele usou a mesa para subir no carro e ficar mais perto da gente. Foi até engraçado. O Cris tratou de expulsar o gato, porque eu e o Dani não teríamos coragem, e fomos dormir.

No dia seguinte quando acordamos, o gato já nos esperava. E sempre que saímos e voltávamos para o camping, o gatinho saía dos arbustos e vinha nos encontrar e pedir carinho. Ficamos apaixonados pelo gato e ele, por nós.

A cada dia que passava, o gatinho ia ficando mais manso. Num dos dias me acompanhou até o banheiro do camping e ficou esperando eu tomar banho para voltarmos juntos. A porta do banheiro não ia até o chão e o gatinho ficava entrando e saindo da cabine do chuveiro onde eu estava, como se quisesse me apressar para voltarmos logo para a barraca rs.

No terceiro dia ele começou a pular no nosso colo e se aninhar para dormir. E até deixou que olhássemos se ele era um gatinho mesmo, e não era. Era uma gatinha, que começamos a chamar de Nina.

Ficamos quatro dias no camping e o tempo todo a Nina ficou com a gente. Nós abríamos a porta do carro e ela pulava para dentro, dava o maior trabalho tirá-la de lá. Não deveríamos ter colocado nome nela, pois foi mais difícil ainda ter que se despedir. Fomos embora com o coração partido e falamos nela ainda por vários dias, pensando se ela tinha sentido a nossa falta quando não voltamos no final do dia.

Segundo o Cris, no dia seguinte ela já estaria no colo de outro viajante que desse atenção, mas eu prefiro pensar que nós fomos especiais, como ela foi especial para nós dentre tantos gatos que vimos pelo caminho. Lembraremos sempre dessa linda gatinha de pelo cinza e olho azul, que gostava mais de receber um carinho do que um lanchinho.

Natany Gomes

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