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Sempre gostei mais de saber do que de não saber. Penso que quanto mais informações temos à nossa disposição, maiores são as nossas chances de acerto, em qualquer área da vida. Ainda assim, sempre teve um tipo de informação que eu nunca dei muita importância, sem nem mesmo saber o porquê: a previsão do tempo.

Desde que casamos, eu e o Cris viajamos bastante. Quase todas as nossas viagens foram programadas com certa antecedência, levando em consideração o clima do lugar para onde estávamos indo e a previsão de chuva na época. Fazíamos as análises iniciais, fechávamos a viagem e depois nunca mais lembrávamos de consultar o clima no lugar, para se certificar de que na semana que estaríamos por lá iríamos conseguir curtir como tínhamos planejado.

Lembro até hoje de quando nos preparamos para fazer o Circuito W do Parque Torres del Paine. Queríamos que fosse algo muito especial e fechamos com 6 meses de antecedência o pacote com uma agência para poder se hospedar nos hotéis dentro do parque. Escolhemos visita-lo no verão para pegarmos um clima bom, mas não pensamos que mesmo no verão podem ter dias ruins, de chuva e nublados. Não lembramos de consultar a previsão do tempo nem uma vez sequer antes de partirmos para a viagem. Quando chegamos no parque, o rapaz que estava nos levando até o nosso quarto do hotel comentou que tivemos muita sorte de chegar numa semana com clima bom, pois os últimos 10 dias tinham sido de chuva sem parar.

Mesmo depois dessa experiência, não adquirimos o hábito de começar a olhar a previsão do tempo para os lugares que íamos viajar. E foi assim que partimos para a nossa viagem pelo mundo, sem dar muita atenção para esse tipo de informação. Não era por mal, ou por descrença, mas simplesmente não lembrávamos que era possível contar com esse recurso.

Lembro que fomos visitar um vulcão no Equador e passamos três dias inteiros dentro da barraca pegando chuva e neblina, sem conseguir enxergar praticamente nada. Todos os dias íamos dormir nos perguntando se teríamos sorte de o tempo estar melhor na manhã seguinte. Se tivéssemos o hábito de consultar a previsão do tempo, com certeza não teríamos ido até esse lugar.

Foi somente quando chegamos na Noruega que a ficha caiu. Não precisávamos viver no escuro sem saber se o dia seguinte nos traria chuva ou sol, bastava usar um aplicativo de tempo. Paramos numa lojinha de souvenir e comecei a puxar conversa com a vendedora sobre o tempo ruim e chuvoso que estávamos pegando em pleno verão. Foi quando ela me mostrou em seu celular como seriam os próximos dias na região e como não valia a pena ficar esperando para fazer uma trilha, pois o tempo não iria melhorar.

Uma luz acendeu naquele momento, e desde então começamos a acompanhar diariamente a previsão do tempo.

Se, por um lado, ganhamos podendo definir com antecedência como iremos aproveitar os dias de sol e quando teremos que colocar a lona na barraca por causa de chuva durante a noite, por outro lado, sofremos muito quando vemos no aplicativo vários dias intermináveis de chuva. Já chegamos a desistir de visitar algumas cidades porque no aplicativo dizia que o tempo estaria ruim e de última hora o tempo mudou. Ou então deixamos de sair para uma caminhada porque ia chover em menos de uma hora, mas não choveu.

Durante o inverno na Europa, nos tornamos de certa forma escravos do aplicativo de previsão do tempo e o consultávamos a cada hora, na esperança de alguma coisa ter mudado miraculosamente. Isso gerava muita ansiedade e nos fez muito mal. O pior era perceber que nada tinha mudado (como já sabíamos) e se dar conta que era aquilo mesmo, mais 7 dias de chuva sem parar, presa dentro de casa. Tinha horas que não dava vontade nem de sair da cama. Muitas vezes acho que estávamos melhor quando não sabíamos o que esperar, pois tínhamos esperança de que a qualquer momento o tempo melhoraria e isso não nos deixava desanimar. A ignorância seria a base da nossa felicidade!

Pode ser que agora que o inverno passou e que teremos mais dias bons do que ruins, nossa relação com o aplicativo de previsão do tempo seja mais positiva do que negativa, porque agora que o descobrimos também não sabemos mais como viver sem. E a curiosidade para dar uma espiadinha no tempo, como fica?

Natany Gomes

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