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Sempre gostamos de viajar para lugares frios, mesmo antes de sair para essa viagem. Quando fomos para a Patagônia pela primeira vez, embora fosse verão, fazia bastante frio e curtimos muito a experiência de fazer as caminhadas com aquele friozinho, admirando os picos nevados das montanhas ao longe.

Numa outra oportunidade, fomos para o Atacama e para a Bolívia no inverno e, embora tenhamos pegado temperaturas muito baixas e para as quais não tínhamos roupas adequadas, as paisagens eram espetaculares e os dias ensolarados com céu azul faziam tudo parecer mais fácil. Somado a isso, nossa viagem durou apenas 10 dias, em seguida voltamos para São Paulo, onde o inverno tem sido bem ameno nos últimos anos.

Minha impressão ingênua era de que o inverno em lugares mais frios era assim: temperaturas muito baixas, algumas vezes nevava, mas quase sempre o céu era azul e o sol brilhava. Parecia algo relativamente fácil de suportar.

Um fator importante que não levei muito em consideração foi a duração do inverno. É realmente fácil aguentar 10 a 15 dias de frio e neve, numa viagem de férias tradicional. Mas e quando esse período é de 90 dias?

Nossa intenção inicial não era passar o inverno na Europa. Queríamos encontrar um lugar onde estacionar o Chulé por um longo período e de lá seguir para o Sudeste Asiático por pelo menos 2 meses antes de retomar a viagem na Europa. Infelizmente, depois que batemos o carro, não deu mais para encaixar essa etapa no nosso orçamento e o jeito foi encarar o frio europeu e torcer para ele ser pelo menos ensolarado e mais curto do que os 90 dias oficiais do calendário.

A verdade é que nem uma coisa e nem outra aconteceu. O inverno durou os 90 dias e até um pouquinho mais e os dias não foram ensolarados mais de 90% do tempo. Apostamos no litoral da Croácia e de Montenegro, na esperança do clima ser melhor e a temperatura mais alta, e passamos a maior parte do inverno nesses dois países.

As temperaturas realmente foram mais amenas, foram poucos os dias em que pegamos temperatura negativa. Em compensação, chovia sem parar por uma semana, e quando a chuva dava uma trégua, o tempo era cinza e escuro. Começamos a acompanhar os noticiários, e descobrimos que esse inverno na Europa está sendo considerado o pior dos últimos 10 anos. Chegou a nevar no litoral da Croácia e de Montenegro, algo que acontece muito raramente.

Ficávamos angustiados, de olho no aplicativo de clima, na esperança de um dia de sol. Quando enfim fazia sol, escolhíamos com bastante critério que lugar iríamos priorizar para conhecer e que atividades fazer. Nesses dias, saíamos de casa bem cedinho e só voltávamos quando o sol se punha para aproveitar ao máximo, pois depois viriam mais 5 dias ou mais de chuva pela frente.

Não foi nada fácil aguentar um inverno inteiro na Europa. Com exceção da semana que fomos para a região do Mont Blanc para curtir atividades de neve (e que demos muita sorte do tempo estar bom), mais uns cinco dias em um mês inteiro que passamos entre Croácia e Montenegro, o restante do inverno foi molhado, cinza e nos deixou muito deprimidos. Só dava vontade de comer e dormir, e acabamos ganhando mais peso nesse período. Quase nunca dava para fazer uma caminhada, e as poucas vezes que eu arrisquei, sempre tinha que voltar correndo por causa da chuva ou da neve.

Depois desse período na Europa, passamos a ter um pouco mais de empatia pelo povo europeu. Não é fácil, mesmo para quem tem sua rotina de trabalho e atividades definida, aguentar um período tão longo sem sol, calor e atividades ao ar livre. O clima acaba contribuindo muito para que as pessoas se isolem um pouco e sejam menos sociáveis.

Felizmente, a primavera chegou e renovamos os nossos ânimos na esperança de que daqui para frente o tempo melhore cada dia mais! Adeus frio e chuva, e que venham dias de sol e calor!

Natany Gomes

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