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Nós gostamos muito de conhecer lugares mais isolados, em que predomina natureza e que tenha sofrido a menor interferência humana possível. Sentimos muito prazer em contemplar as magníficas obras de Deus em completo silêncio e quietude, escutando apenas os barulhos da natureza. Esses lugares, no entanto, geralmente ficam nas regiões mais extremas do mundo, onde o clima costuma ser mais impiedoso também. Já chegamos a pegar uma temperatura de 5 graus negativos em pleno verão!

Saímos de casa com a intenção de fugir do frio, mas a verdade é que nesse primeiro ano de viagem pouco tempo passamos sem usar blusa de frio rs. Chegávamos na cidade com um clima quente e gostoso, mas resolvíamos subir a montanha e pronto, frio de novo!

Com exceção de algumas temperaturas mais extremas, o frio nunca nos incomodou muito na hora de dormir na barraca. Cada um de nós tem um saco de dormir que aguenta uma temperatura de menos 10 graus e a alegria do Dani é quando está frio suficiente para ele poder usar o dele.

É engraçado que quando estávamos no Brasil e a temperatura caía para uns 15 graus, ou até um pouco mais, eu (Naty) faltava morrer de frio, usava todos os cobertores possíveis para dormir e mal conseguia me mexer à noite, tão grande era o peso em cima de mim. Já na barraca, só consideramos que está frio de verdade quando o termômetro marca de 2 graus para baixo. Acima disso, dormimos tranquilamente, sem sentir frio ou precisar se agasalhar. Lembro que depois de passarmos uma semana acima do Círculo Polar Ártico, com temperaturas bem baixas, fomos para Moscou, na Rússia, e durante o dia a temperatura chegava a 12 graus. Nos primeiros dias andávamos só de camiseta, sentindo calor (e estava calor mesmo, para os nossos novos parâmetros de frio rs).

O problema mesmo é quando está frio e chovendo. Frio e chuva são uma combinação horrível quando se tem uma barraca como casa. Simples atividades como ir ao banheiro do camping, preparar alguma coisa para comer, lavar uma louça, se tornam um verdadeiro sofrimento. Além disso, nosso espaço seco (dentro da barraca e logo abaixo dela) é muito pequeno e administrar a energia de uma criança de 5 anos presa o dia inteiro na barraca é muito complicado. Somado a tudo isso, nossa barraca fica úmida, dormimos preocupados se irá entrar água por algum lugar e o chão abaixo da barraca fica todo cheio de lama, sujando algumas das nossas coisas e geralmente o maior stress.

Logo que pegamos o Chulé depois do conserto da batida, fomos para um camping na região de Siena, na Itália, para colocar as coisas em ordem, pois o Chulé ficou parado cerca de um mês e meio e dentro dele estava aquela bagunça, não sabíamos onde encontrar nada.

Felizmente estávamos no inverno europeu, pois descobrimos que tínhamos deixado uns legumes na caçamba do carro. Se fosse no verão, com certeza teria dado bicho, mas como estava frio, apenas ficou verdinho, mas não chegou a criar vida rs (ufa, que alívio!).

Ainda bem que conseguimos arrumar quase todas as coisas no primeiro dia, logo que buscamos o Chulé, porque os 3 dias seguintes foram de chuva praticamente ininterrupta. Para ir ao banheiro, tínhamos que ir com o guarda-chuvas (desânimo total). Começou a formar uma lama embaixo da barraca e toda vez que precisávamos descer, sujávamos todo o pé, às vezes até respingava lama na roupa. A internet do camping não funcionava direito e não dava para assistir nada, nem mesmo olhar o Facebook. Por mais que a lâmpada dentro da barraca estivesse acesa, ficava ainda escuro com tudo fechado, impossibilitando ler qualquer coisa (acho que mesmo que tivesse claridade, o Dani não daria paz para isso rs).

Nossas reações quando chove no camping são completamente distintas, bem definidas e se repetem a cada chuva: ▪ O Cris começa a reclamar da sujeira e da lama, e fala sua frase clássica de que não liga para o frio, mas sim para a chuva. ▪ Eu fico irritada do Cris reclamar, além de ficar entediada sem nada para fazer, ▪ e o Dani vive um dos momentos mais felizes e mágicos da viagem.

Você não leu errado, é isso mesmo. Enquanto ficamos todo preocupados com a chuva se aproximando, o Dani fica torcendo para ela chegar logo. A animação dele é de dar inveja: ele resgata sua bota de chuva e guarda-chuvas e sai pelo camping pulando e pisando em todas as poças possíveis. Ainda vou gravar um vídeo dele estilo “singing in the rain” rsrsrs.

O interessante é que num dia normal o Dani quase não vai ao banheiro, mas basta começar a chover para a cada 10 minutos ele arrumar uma desculpa para sair da barraca e dar uma voltinha. E o tempo que ele fica na barraca também é aquela animação. Ele quer brincar de tudo o que se possa imaginar, não para de falar um minuto e quer atenção praticamente o tempo todo. Sabe aquele negócio de aproveitar o friozinho e a chuva para tirar uma soneca? Não existe na barraca com o Dani rs.

A verdade é que depois de algumas horas presos na barraca com chuva (e com o Dani ligado no 220), ficamos contando os minutos para ela parar. Dessa última vez, foram 48 horas direto, sem folga. Já estávamos quase nos descabelando, quando enfim paramos de ouvir o barulho de pingos na cobertura da barraca. Resolvemos descer para dar uma esticada nas pernas e qual não foi a nossa surpresa, estava nevando! Neve no camping foi a primeira vez.

É interessante que a temperatura vinha se mantendo constante em 8 graus, foi só começar a nevar e ela caiu abruptamente para 3 graus negativos. Embora a neve seja sequinha, ela chegou trazendo muito frio, então o jeito foi voltar para dentro da barraca de novo, e dessa vez aguentar mais um tempinho de confinamento. Nessas horas é que percebemos como o tempo pode passar muito devagar algumas vezes! 😊

Natany Gomes

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