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Uma das despesas mais caras de uma viagem é a hospedagem, por essa razão saímos do Brasil com uma barraca instalada no teto do nosso carro, que nos permitiria dormir em lugares mais baratos ou gratuitos, com mais conforto do que uma barraca tradicional de chão.

E na maioria do tempo é nela que ficamos. Já estamos tão acostumados que, dependendo do lugar, preferimos ficar na nossa barraca a se hospedar em qualquer hostel mais simples de limpeza duvidosa.

O único problema é quando a cidade não possui camping e não conseguimos encontrar nenhum lugar seguro para passar a noite no carro. Nesse caso temos que decidir entre seguir viagem e não visitar aquela cidade ou então encontrar um lugar para se hospedar por um ou dois dias para podermos visitar rapidinho o lugar. Isso geralmente acontece nas cidades maiores que não possuem camping.

Com o tempo descobrimos que dava para ficar em Airbnb e o que gastávamos a mais pela hospedagem compensávamos não comendo nada fora por aqueles dias, não gastando combustível e ainda lavando toda a nossa roupa.

Nossa primeira experiência com o Airbnb foi em Viña del Mar, no Chile, e nós amamos. Nos sentimos em casa, o Cris pôde preparar comidas mais elaboradas e que estávamos com vontade de comer, o Dani assistiu televisão e tínhamos internet de qualidade para ligar para a nossa família. Foram dias perfeitos, tanto que na hora de ir embora foi um chororô do Dani, parecia que tinha morrido alguém. 

Desde então, sempre que o orçamento permite e a cidade não tem camping, ficamos hospedados pelo Airbnb e aproveitamos para viver um pouquinho a sensação de ter uma casa física de verdade.

Sempre que vamos escolher, tomamos muito cuidado para ler todos os comentários, e nos atentamos para questões como a limpeza do lugar, se é seguro, próximo das atrações ou com metrô nas proximidades e se é silencioso. Mesmo os comentários mais sutis dizem muito sobre o lugar.

Além disso, selecionamos como comodidades que a propriedade tenha estacionamento, internet e máquina de lavar roupa. É tudo de que precisamos!

Até Cartagena, na Colômbia, não tínhamos errado em nenhuma escolha. Todas as vezes que ficávamos em Airbnb eram dias muito agradáveis, de descanso e para recarregar as energias para continuar na estrada.

Em Cartagena tivemos a nossa primeira experiência não tão boa. Ficamos na cidade quase um mês para fazer todo o processo para envio do nosso carro para a Europa e para receber um casal de amigos muito queridos que veio do Brasil nos visitar por uma semana.

Enquanto nossos amigos estavam com a gente, alugamos um Airbnb sensacional, enquadrado na categoria luxo. Ele ficava num bairro nobre da cidade, de frente para a praia, era muito confortável e espaçoso. Fizemos amizade com a dona, que era muito querida, e depois que nossos amigos foram embora, ela ainda permitiu que ficássemos muitos dias pagando apenas metade do valor. Estávamos no céu, o lugar era maravilhoso e o ar condicionado ficava sempre no último, ajudando a suportar o calor insuportável da cidade.

Mas, mesmo a metade do valor era caro para nós e comprometia muito o nosso orçamento. O jeito era encontrar um outro lugar que coubesse no nosso bolso até resolvermos o envio do carro.

É muito mais seguro alugar um apartamento que já tenha avaliação de outros hóspedes, pois a chance de errar é pequena. Por outro lado, é muito mais barato ficar nas hospedagens que são novas na base do Airbnb, pois como elas ainda não tem avaliação positiva, cobram mais barato para atrair hóspedes.

Nós nunca tínhamos ficado num Airbnb sem avaliação, mas resolvemos arriscar para fazer uma economia nos últimos dias que teríamos que ficar na cidade. Além disso, resolvemos testar como era alugar apenas um quarto na casa de uma família. Até então, sempre alugávamos o apartamento inteiro.

E assim fomos parar num Airbnb de R$ 50,00 a diária. Era um quarto na casa de uma senhora e seu filho. O quarto ficava fora da casa principal, numa edícula no andar de cima.  Quando conversamos com o filho por mensagem, ele nos disse que iriam instalar um ar condicionado por aqueles dias e nos empolgamos, pois a vida é muito sofrida sem ar condicionado em Cartagena.

Bem, o ar condicionado não foi instalado enquanto estávamos lá. Ele até existia, sua caixa ficava num canto do nosso quarto e olhávamos para ele todos os dias enquanto pingávamos de suor. Sem exageros, chegávamos a tomar 5 banhos rápidos por dia, para aplacar o calor.

Nosso quarto era bem grande, mas muito simples, roupas de cama ásperas, colchão que afundava no meio, no banheiro não acendia a luz e a água subia acima do calcanhar quando tomávamos banho.

Tínhamos dois ventiladores grandes no quarto que não davam conta do calor. A sugestão da dona da casa era que deixássemos a porta e as janelas abertas, mas quando fazíamos isso outros dois problemas surgiam: 1) Baratas gigantes entravam voando no quarto. Todo dia o Cris matava pelo menos uma. Eu morro de medo e acabei passando esse medo para o Dani também, então acabava sobrando para o Cris rsrsrs; 2) Cheiro forte de cocô e xixi de gato tomavam conta do quarto. A anfitriã estava com 3 filhotes de gato em casa e as necessidades deles eram feitas bem embaixo da nossa escada e ficavam lá o dia todo curtindo, um cheiro terrível.

Todo dia de manhã o Cris fazia contagem regressiva de quantos dias ainda tínhamos para ficar lá. Embora os donos fossem boas pessoas, a casa deles era bem suja e nem a cozinha tivemos coragem de usar para fazer alguma comida. Só colocávamos água para gelar.

O bairro era muito simples e na frente da casa tinha um grande terreno baldio que estava começando a ser invadido por moradores de rua fazendo barracos de papelão. Nós nascemos e crescemos em um bairro muito pobre, perto do Capão Redondo, em São Paulo. Logo percebemos que apesar da aparência ruim do lugar, esses moradores não mexiam com ninguém e não era perigoso andar a pé pela vizinhança, e assim nós fizemos, mesmo com a recomendação de cuidado da nossa anfitriã.

Sabíamos que não dava para exigir muito pelo valor que pagamos, e não exigimos. Mas que foram longos dias, foram. Se perguntarem para o meu filho se ele gostou de lá, a resposta será rápida: com certeza! Todo o tempo que estávamos dentro do quarto preparando o roteiro para a nova fase da viagem ele estava na casa da anfitriã brincando com os gatinhos. Para mim e o Cris a lembrança não é tão boa rs.

Desde essa experiência voltamos a reservar apenas as acomodações com avaliações de outros hóspedes e sempre o lugar inteiro. Não é garantia nenhuma de que não vamos pegar outro lugar ruim, mas até agora tem dado mais certo do que errado rs.

Natany Gomes

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