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Esse é um assunto que não nos preocupa muito quando viajamos pelo Brasil e nós nunca pensamos muito a respeito até que fazermos nossa primeira viagem para lugares mais altos. Na ocasião viajamos para o Atacama e para a Bolivia, e chegamos a dormir a 4.300 metros de altitude. Foi uma noite horrível, dá a sensação de que está faltando o ar, e de fato está. Achei até que o Cris ia morrer esse dia, nunca tinha ouvido ele roncar daquele jeito rs.

Fora a falta de ar e cansaço extremo, a altitude também nos traz outros desconfortos como dor de cabeça, ânsias e vômitos e, para alguns, até diarréia. Li na internet o relato de uma menina que dizia que ela tinha sido afetada pela altitude tendo piriri, mas como a comida em alguns lugares do Peru é meio suspeita no quesito higiene, tive minhas dúvidas se foi a altitude que causou o piriri ou algo ruim que ela comeu rs.

O mal de altitude é muito ruim mesmo e demora de um a dois dias para passar, dependendo da gravidade. Você fica morrendo para fazer tarefas básicas como lavar uma louça (se cair uma louça aqui no rio, já era, não dá para correr atrás rs). E quando esquece das suas limitações e resolve programar a máquina fotográfica e voltar correndo? É quase enfarto rs!

Nesses dias é muito importante usar a folha de coca, seja através de chá, bala ou mascando a folha, para combater esses efeitos de mal estar. Quando contei para a minha mãe que estava usando folhas de coca, ela ficou horrorizada e me recomendou usar com cuidado para não ficar viciada rs. Fiquem tranquilos, a folha no seu estado natural não vicia, é usada realmente como medicamento. Até pensamos que ia rolar uma sensação diferente tomando o chá, mas nadinha rs.

Pensávamos que só iríamos pegar grandes altitudes quando entrássemos no Peru, mas na última cidade do Chile resolvemos ir visitar um parque chamado Lauca e descobrimos que ele estava a 4.500 metros de altitude. Não estávamos preparados para essa altitude, não tínhamos comprado folhas de coca, mas mesmo assim resolvemos arriscar (torcendo para dar tudo certo no final rs).

Paramos no caminho, a 3.000 metros de altitude para dormir achando que essa parada seria suficiente para nos aclimatar. Mas de 3.000 metros para 4.500 metros tem muita diferença. Aliás, dissem que a cada 100 metros que você sobe ou desce numa altitude extrema muda completamente a forma como o seu corpo responde. Então, se estiver se sentimos mal, o ideal é ir descendo de 100 em 100 metros para ir amenizando os efeitos da altitude.

Não sei se já tiveram a oportunidade de estar em lugares tão altos e trazer alguma embalagem ou garrafa que estava em um lugar mais baixo. É bem interessante. O pacote do salgadinho ue levamos estava todo estufado, bem redondinho. A garrafa d'água parecia ser de água com gás, fez um barulho alto quando abrimos. Até o alcool em gel e o protetor solar devem ser abertos com cuidado para não espirrar para todo lado.

No dia seguinte, acordamos nos sentindo bem e continuamos a viagem em direção ao parque. A cada 10 ou 15 minutos perguntávamos para o Dani se ele estava bem, e parecia que ele ia aguentar chegar lá sem problemas, a altitude não parecia ter o afetado.

Quando estava faltando apenas 10 quilômetros para chegar, houve uma parada na estrada devido a obras naquele trecho. A essa altura, já estávamos a 4.500 metros e eu já vinha me sentindo mal desde os 4.000, mas o Cris e o Dani estavam bem, então eu tomei um dramin e seguimos para o parque. Como diz o Cris, eu sou uma "fominha de paisagens" rs e nem que eu fosse me arrastando eu queria chegar até o parque rs.

O trecho em obra era muito grande e fomos informados que teríamos que ficar ali parados por mais ou menos 40 minutos antes de liberar o nosso lado para passar. Depois de apenas 10 minutos de espera os efeitos da altitude afetaram o Dani também e ele começou a vomitar e ficar pálido.

Eu até vou aos trancos e barrancos, mas não dava para arriscar continuar com o Dani mal e nem sabíamos quanto tempo mais teríamos que ficar parados ali na estrada, então decidimos voltar sem visitar o parque, faltando tão pouquinho. De onde estávamos dava para ver bem próximo um dos picos nevados mais visitados do parque.

Para os dias seguintes, que enfrentamos altitudes extremas de novo, eu e o Dani já colocamos a folha de coca no pé, ele chupou bala de coca e eu masquei a folha e, assim, não passamos muito mal. O Cris, inacreditavelmente, não sente nenhum mal estar na altitude, e consegue levar uma vida relativamente normal sem necessidade de usar a folha de coca (que inveja rs).

Nesse dia, nós fomos muito ingênuos em acreditar que chegaríamos a toda essa altitude sem uma aclimatação mais longa ou sem precisar da milagrosa folha de coca. Nossa sorte é que o Cris não passou mal também, já pensou o três se sentindo mal, vomitando e com tontura? Como íamos fazer para voltar?

Natany Gomes

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