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América do Sul

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Depois que decidimos não passar no Atacama, pensamos que não teríamos muito o que explorar no norte do Chile e que simplesmente passaríamos por ele a caminho de entrar no Peru.

A verdade é que estávamos muito enganados. O norte do Chile é composto por paisagens desérticas, banhadas pelo mar do Pacífico e com um visual incrivelmente lindo e inexplorado. Não são praias ideais para banho, pois a água é muito gelada, tem muita onda no mar ou muitas pedras, mas são perfeitas para brincar na areia e esperar o sol se pôr.

A única tristeza que tivemos nessas praias foi a quantidade de lixo que encontramos. Não só nas praias, mas também pela estrada no norte do Chile, muito diferente do que vínhamos vendo no Chile até Santiago. Uma pena, porque as paisagens do norte do Chile são tão lindas quanto as paisagens do restante do país.

Nossa passagem pelo norte do Chile durou 7 dias, e nesse período passamos por algumas praias interessantes no caminho. A primeira foi a praia Caldera, que possui diversas pedras com uma formação geológica rara chamada granito orbicular. As pedras são todas pintadinhas, e nós as apelidamos de “as pedras que queriam ser onças” rsrs. Nessa praia tinha uma barraquinha, mas quando chegamos ao final da tarde não tinha ninguém por lá, então resolvemos acampar ali mesmo, com aquele visual da praia só para a gente. Na manhã seguinte acordamos com o dono da barraquinha nos esperando do lado de fora da nossa barraca. Acho que não podia ter acampado ali rs. Mas em nossa defesa, não tinha nenhuma placa proibindo acampar, então achamos que não tinha problema.

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Outra praia bonita que conhecemos no norte do Chile foi a praia Hornitos. Essa praia tinha uma quantidade incrível de passarinhos e mergulhões. No final da tarde todos eles estavam pescando ao mesmo tempo numa movimentação frenética. Foi uma cena muito bonita, e ficamos apreciando até que escureceu, pois acampamos nessa praia também. Aqui ficamos bem tranquilos, pois vimos que uma viatura da polícia chilena ficava passando o tempo todo no local. Inclusive perguntamos para eles se não tinha perigo acampar ali, e nos disseram que era bem tranquilo.

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Tivemos, também, uma passagem bem rápida pela cidade La Serena, que é uma grande cidade no norte do Chile, e aproveitamos sua estrutura para trocar o oléo do carro, que já estava precisando, e trocar um fusível que tinha queimado. Fomos passear pelo shopping também, pois o comércio no Chile fecha para a hora do almoço, das 12hs às 15hs. Acabamos levando o dia todo para resolver nossas coisas, e no final do dia fomos para a praia curtir o pôr do sol. Nossa hora favorita do dia.

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Nos dias em que não dormíamos na praia, passávamos a noite numa parada de descanso. Isso é muito legal no norte do Chile. Embora os pedágios da Ruta 5 sejam muito caros, existem pelo caminho diversas áreas chamadas “paradas de descanso”, que são grandes estacionamentos, com banheiros e chuveiros de graça, e uma pessoa 24 horas cuidando do local. Acabávamos revertendo o valor pago no pedágio quando ficávamos nessas áreas sem pagar nada e ainda podendo tomar banho. Os banheiros eram limpíssimos (impressionante) e nos sentimos muito seguros todas as noites que passamos nesses espaços. Geralmente quem dorme nesses lugares são caminhoneiros, e em uma das noites, inclusive, ficamos no meio de dois caminhões, parecíamos um brinquedinho rs.

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Acabamos ficando sem água na caixa nesse período que estávamos no norte do Chile. Chegamos ao ponto de ficar sem água para beber. Como estávamos numa região desértica, não conseguíamos água em lugar nenhum, em todos os postos onde pedíamos a resposta era sempre não. Foi numa dessas paradas de descanso que acabamos sendo socorridos e obtivemos um pouco de água para passar por esse trecho desértico. A água no norte do Chile é salobra, e bebê-la é realmente uma questão de necessidade fisiológica, já que ela não é nada boa. Mas era o que tinha para esses dias, e no fim não tivemos nenhum problema com o consumo dessa água.

Nessa passagem pelo norte do Chile, tivemos a oportunidade de passar um fim de semana na cidade de Iquique, que nos surpreendeu bastante. É uma cidade grande e totalmente construída no deserto, bem arrumadinha e com uma orla muito charmosa. Descobrimos que é destino bem procurado por surfistas que querem curtir as boas ondas do norte do Chile. Encontramos um camping muito legal, um pouco afastado da cidade e numa colina alta de frente para o mar, onde passamos tranquilamente o nosso sábado à tarde, descansando em nossa barraca e admirando aquela paisagem linda.

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Próximo a Iquique fica a cidade abandonada de Humberstone. Muitos a chamam de cidade fantasma, mas na verdade trata-se de uma cidade que existia em volta de uma mina de extração de sal próximo a Iquique e quando a mina foi desativada a cidade foi completamente abandonada. Hoje é um ponto turístico muito visitado, e nos dá uma ideia muito boa de como aquelas pessoas viviam. Pagamos 4 pesos chilenos por pessoa (R$ 20,00 reais e o Dani não pagou) e valeu muito o passeio. A única coisa ruim é o calor absurdo, pois fica no meio do deserto, e o sol judia mesmo. Por isso é muito importante levar boné, água e passar protetor solar.

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De Iquique seguimos para Arica, a última cidade antes de cruzarmos para o Peru. Em Arica é possível fazer dois passeios legais: 1) Visitar o museu San Miguel de Azapa; e 2) Conhecer o Parque Nacional Lauca.

O museu San Miguel de Azapa é bem pequeno e sua visita é rápida e barata (apenas 2 pesos chilenos – R$ 10 reais). Nesse museu é possível ver as múmias dos chinchorros e entender seu processo de mumificação bem complexo e avançado para os conhecimentos da época. Eles mumificavam até os fetos abortados naturalmente. Interessante!

O Parque Nacional Lauca não é muito falado, mas é de uma beleza incrível. Quando descobri sobre sua existência, fiquei muito animada com a ideia de conhece-lo. O seu único problema é a altitude de 4.500 metros. Seguimos para ele e paramos no caminho, a 3.000 metros de altitude, para passar a noite e ir aclimatando o nosso corpo para a altura. Ficamos muito contentes, pois ninguém estava se sentindo mal e achamos que não teríamos problemas para chegar até o parque.

Só que de 3.000 para 4.500 metros muita coisa muda. No dia seguinte continuamos o caminho em direção ao parque, e faltando 10 km para chegar lá, eu e o Dani começamos a sentir os efeitos da altitude e o Dani começou a vomitar. Tomamos dramin para controlar o enjoo, mas achamos mais prudente voltar e acabamos não chegando ao parque. Estávamos despreparados para a altitude. Deveríamos ter levado folhas de coca, balas, chá, etc. Na volta, já numa altitude mais baixa, paramos para tirar foto da paisagem pelo caminho e algumas lhamas curiosas se aproximaram. O Dani estava já bem mole com o efeito do remédio, mas não resistiu sair do carro para chegar perto da lhama, já que ele ama animais. Mas acho que não era seu dia de sorte mesmo, uma lhama se aproximou dele e o mordeu na cabeça. Tadinho, voltou para o carro desconsolado e dormiu o resto do caminho rs.

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Fiquei muito triste de chegar tão perto e ter que voltar, mas não dava para arriscar a saúde do Dani por um passeio em um parque. Depois desse evento, ficamos mais espertos e já compramos folhas de coca. Uma senhora peruana nos ensinou a colocar uma folha de coca entre a meia e o pé do Dani para evitar o mal de altitude e não é que funcionou? Em outro dia, quando estávamos também a 4.600 metros de altitude ele não sentiu nadinha. Portanto, fica a dica se forem visitar o parque Lauca: já comprem folha de coca, masquem, façam chá ou coloquem nos pés para combater o mal de altitude e conseguirem aproveitar a beleza do lugar.

Natany Gomes

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